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Opinião
Quarta - 02 de Janeiro de 2013 às 10:14
Por: Lourembergue Alves

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Renovação tornou-se, em pouco tempo, a palavra da moda. Bastante dita por quem está ou deve assumir cargos na administração pública, bem como por aqueles que farão parte do Legislativo. Ela virou até parte de título de textos que, para não fugirem do óbvio, também realçam o seu sentido. O que engrossa o coro da cantilena. Ainda que se perceba certa desafinação. Pois o verbo renovar não está preso a cronologia, nem se acha unicamente relacionado a pouca idade, e, tampouco, tem o mesmo significado do substituir ou do simples trocar. 

 Tais termos, na verdade, não se cruzam, e muito menos estão ligados entre si. Pois são nítidas as diferenças que os separam. Tanto que jamais pode dizer ou digitar o termo substituição em uma frase que só caberia a palavra renovação, ou esta no lugar daquela. Ainda que seja em um discurso político-eleitoral, o qual é, por excelência, o lugar de um jogo de máscaras. Pois, a todo instante, o dito esconde, revela, convence, e, nesta misturança toda, imagens são fabricadas, até para que os atores pareçam fidedignos aos olhos do eleitorado, bem como se distanciem da composição de vereadores que ora se finda.  

 É a partir daqui que se deve discutir a história de renovação na Casa Legislativa cuiabana. Tal história, para parecer-se “verdadeira”, contou com a ajuda da imprensa, sites, blogs e parte das redes sociais. Tanto que frases nessa direção foram cuidadosamente construídas, postadas e divulgadas com bastante insistência por cada um destes veículos, cujos propósitos estão longe de um trabalho investigativo, e até analítico. Pois  analisar exige debruçar-se sobre os fatos, e estes, entrelaçados ou não, contrariam quaisquer perspectivas de mudanças. Mesmo com a insistência de que a próxima legislatura contará com dezoito novos vereadores e apenas sete dos antigos. 

 Dados que confirmam a substituição e o acréscimo de rostos no grande álbum de fotografias do Parlamento municipal. Apenas isso. Bem mais evidenciado quando se percebe toda a negociata em torno dos nomes que farão parte da Mesa Diretora. Inclusive com o envolvimento de gente de outra esfera, outro poder. Reprise de anos anteriores. Pois é bastante clara a barganha de cargos, de troca de favores e de compra de votos. Práticas, aliás, também utilizadas na disputa eleitoral de 2012, e de muita serventia nas eleições dos vinte e cinco vereadores cuiabanos. 

 Situação tragicômica – para dizer o mínimo. O triste de tudo é constatar a repetição de comportamentos. Mas tal constatação não deve ser vista como estranha. Estranho seria visualizar desenho comportamental distinto do que se viu entre os integrantes da legislação que caminha para o seu final. A ponto de se dizer, sem medo de errar, que as únicas diferenças entre os políticos não reeleitos e os reeleitos e eleitos estão apenas no formato dos rostos e na idade – com um ou outro deles apresentando menos de trinta e cinco anos.  

 Isso, entretanto, não sustenta tese alguma de renovação. Nem deveria. Pois o simples trocar uma cara mais velha por outra de aparência jovial não garante mudança de postura, comprometida com a coisa pública. Ainda que se esteja na era digital, onde o virtual pode substituir o presencial. Porém, jamais o comportamento. É este, aliás, que realça o caráter de renovação e indica o caminho de mudanças – distantes, entretanto, das realidades quando se tem a mesma escola de formação dos políticos. Infelizmente, portanto, ainda não “chegou à hora da renovação, nem da mudança”.
Ah!

Feliz ano novo a todos.     
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escrevendo neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.  
 


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