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Opinião
Quarta - 02 de Janeiro de 2013 às 11:10
Por: Gabriel Novis Neves

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Fiz uma rápida viagem para São Paulo. Ouço sempre falar que qualquer viagem, por pequena que seja, ajuda a combater o estresse. Para mim a terapêutica não funcionou, muito pelo contrário, fiquei estressadíssimo.

O estresse começou na ida para o aeroporto. Duas horas antes do horário marcado para o embarque, eu já estava pronto. Mas, vida de caronista não é fácil. Eu era este caronista.

Olhava angustiado as horas se passando, e nada da minha acompanhante e seu motorista chegarem. Por fim chegaram – bem em cima da hora. Fomos para o aeroporto, literalmente, voando.

Trânsito engarrafado – claro! Hora do pico. Pior horário para se trafegar por essas avenidas e ruas estreitas. Dentro do carro só ficava escutando os comandos angustiados da minha acompanhante ao motorista: “vai, vai, vai!” – “corta, corta, corta!” – fura, fura, fura!” – “avança, avança, avança!”

Eu, em silêncio só de olho no relógio. A hora da decolagem do avião vencendo. E o estresse subindo!

Nessas horas o melhor mesmo é o silêncio e a aparente calma, com os dedos da mão direita na artéria radial do braço esquerdo.

Finalmente, chegamos. O alto falante da empresa de aviação anunciava a última chamada para o embarque. Fizemos o chek in rapidinho. Sorte que só portávamos bagagem de mão.

Ao passar pela detecção de metais da Polícia Federal, aquele bendito alarme soou. Sou obrigado a abrir a maletinha de mão, pois o raio-X detectou um instrumento metálico que lembrava uma bomba de mão. Mas era, tão somente, a minha latinha de creme de barbear. Liberado, entrei no avião. Fui o último passageiro a entrar, apesar de, com certeza, ter sido o primeiro a ficar pronto para a viagem.

Nem acreditei quando, enfim, sentei na minha poltrona. O estresse, a mil por hora. Logo eu, que procuro fazer tudo com calma e com margem de tempo suficiente para evitar a correria do atraso.

Antes, e nos primeiros minutos de voo, o calor na aeronave era insuportável. Aos poucos o calor foi se transformando em um frio indesejável, provocando tosse alérgica em crianças e idosos.

Faltando quinze minutos para o pouso, entramos em uma pequena turbulência. Ordem para afivelar os cintos apareceu no comando eletrônico. Bem nesta hora senti vontade de ir ao banheiro. Fui.

Quando me aproximava do banheiro uma comissária – gentilmente – aconselhou-me a retornar para minha poltrona e obedecer o sinal de afivelar o cinto.

Disse-lhe que, infelizmente não poderia atendê-la, minha necessidade era premente, não tinha alternativa. Ela, após alertar-me do perigo do meu procedimento, me liberou a passagem. Agradeci e, graças ao preparo físico adquirido com meus exercícios físicos diários, consegui fazer com perfeição manobras de contorcionista.

Retorno à minha poltrona e fico observando a beleza do azul acima das nuvens acinzentadas. As turbinas desaceleram e o momento agora é de furar as nuvens e visualizar a cidade.

Leve trepidação e o trem de pouso do Foker holandês é descido.

Nesse instante, não sei porque, me lembrei dos “Mamonas” - conjunto musical cujo avião se chocou com um dos morros que vejo pela janelinha do avião. Afasto este pensamento.

Pouso perfeito. Desembarque no ônibus e saída rápida do aeroporto, pois a bagagem era de mão.

Táxi para continuação de outra viagem intermunicipal em trânsito caótico. Outro estresse.

Chegamos ao quarto do hotel, sãos e salvos. O coração a mil por hora. Certifiquei-me que, viagem, definitivamente, não é remédio para cura do estresse.
 



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