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Opinião
Quarta - 30 de Janeiro de 2013 às 12:10
Por: Pedro Taques

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Desconfiar dos políticos é uma maravilhosa tradição republicana. Eu, que me orgulho de ser político, percebo que as instituições no Brasil ainda precisam caminhar muito para que o povo se sinta devidamente representado. Isso vale para os cargos do Poder Executivo, do Legislativo e até para o Judiciário, embora seus membros não sejam eleitos.
 
Como senador da República, vejo claramente que a Praça dos Três Poderes não tem um banco cômodo e aconchegante, no qual o cidadão brasileiro se sinta convidado a se sentar.
 
Isso pode mudar, evidentemente. E deve mudar. A democracia se constrói com instituições fortes, arejadas e atentas à realidade nacional. Elas são legitimadas pelo voto, nos casos do Executivo e do Legislativo, mas, também, por sua própria atuação.
 
A mudança no ambiente do Legislativo deve começar pela coragem de "mostrar a cara", de atuar com transparência e de defender, com firmeza, seus pontos de vista. Vencer ou perder votações e disputas não é o mais importante, porque o Senado e a Câmara devem ser, justamente, casas de debates das questões do país.
 
Outra exigência é a ética mais estrita, a conduta que não gera dúvidas sobre se o objetivo dos políticos é servir o Brasil ou servir-se dele. E, por fim, deve existir renovação. A dinâmica sociedade brasileira muitas vezes se espanta com o continuísmo que parece imperar em tantas instâncias de poder.
 
Por essas razões --transparência, ética e renovação, resolvi lançar minha candidatura à presidência do Senado. O resultado não é o mais importante --se vou ganhar ou perder--, mas faço questão de mostrar as minhas propostas e de me lançar como alternativa. A omissão me parece sempre a pior solução.
 
Tenho trânsito na base de sustentação ao governo e, também, na oposição (que está excessivamente desanimada...). Participo da disputa para evitar que tudo pareça um "acordo de cavalheiros".
 
O Senado não pode ser um clube para poucos, que vira as costas para a sociedade que representa. Ainda que os cargos sejam ocupados de acordo com a força dos partidos e blocos partidários, a disputa interessa ao país inteiro.
 
As minhas propostas procuram concretizar aqueles três requisitos necessários para a mudança dos costumes políticos: transparência, ética e renovação. Não procuro confrontar ninguém, mas zelar pelo cumprimento da Constituição.
 
Por exemplo, as funções próprias do Legislativo, fiscalizar e legislar, devem ser prestigiadas. Hoje, elas estão diminuídas pelo agigantamento do Poder Executivo e seu gosto de legislar por medidas provisórias.
 
O Brasil desconfia do Senado da República, de sua atuação, de sua administração e de sua utilidade. É uma desconfiança legítima e válida. Afinal, foram tantos os escândalos em tempos recentes!
 
Cabe a nós, senadores, criar caminhos para que essas desconfianças sejam afastadas, mostrando trabalho honesto e duro, sempre no sentido de resolver conflitos entre os Estados e de aprimorar nosso pacto federativo. Quero ampliar as funções de ouvidoria administrativa e o papel da Comissão de Ética.
 
Todo candidato que se bate contra uma maioria presumida é um "anticandidato", como o foi, a seu tempo, o grande brasileiro Ulysses Guimarães.
 
Sou, então, um dos anticandidatos à presidência do Senado. Estou "mostrando a minha cara". Não sou o candidato da volta, mas da reviravolta. Até os peixes do rio Cuiabá sabem que não há vida se não houver coragem.

 



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