A renúncia do Papa

O papa Bento XVI, Joseph Ratzinger, com 85 anos, eleito o 265º papa, o primeiro a ser eleito no século 21, acaba de anunciar a sua renúncia.
 
É o primeiro papa a abandonar o pontificado em seis séculos.
 
A Igreja, para cumprir seu papel de fermento, sal e luz para toda a humanidade, exige do seu Sumo Pontífice muito vigor, grande energia e disposição. O cargo é, sem dúvida, muito exigente, espinhoso e desgastante. E a idade , ah! essa idade , como pesa !..
 
E, nessa hora decisiva da sua vida, fico aqui a imaginar que o papa, antes de renunciar, e diante de uma decisão tão difícil e pesada, poderia ter indagado: “qual é a minha força, para que eu espere mais “ ? Ou : qual é o meu fim, para que eu prolongue o meu ministério? O que posso, afinal , mais fazer, se não tenho mais forças para exercer o papado ?
 
Parece que ouvi suas preces, dizendo : “Senhor, ouve a minha oração, e chegue a Ti o meu clamor porque os meus dias se consomem como fumaça, e os meus ossos ardem como lenha” ( SL 102 ).
 
E a LUZ falou : Pare !
 
Bento XVI, com a sua renúncia, demonstra a todos nós que o seu pontificado não é a coisa mais importante da sua vida. E, tanto é verdadeiro que soube, a tempo , perceber, claramente, que lhe faltavam forças para prosseguir no exercício do papado. E, entre prosseguir ou parar, optou por parar, abdicando – com grandeza de espírito - ao cargo de Sumo Pontífice .
 
No exercício de seu mister, com certeza não chegou a ser mais sábio e nem mais brilhante do que os que lhe antecederam, mas soube demonstrar, através do seu gesto de renúncia, muito entendimento, desprendimento e largueza de coração, tão grande “ como a areia que está na praia do mar” .
 
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Eldes Ivan de Souza é Juiz de Direito Aposentado do TJMT – eldes@terra.com.br