Livres e soltos na internet

Não sei se você já ouviu falar, mas sob a iniciativa da Rede INSAFE, que vem a ser uma rede que agrupa as organizações que trabalham na promoção do uso consciente da internet nos países da União Europeia, foi criado o Dia da Internet Segura. Ao que se sabe, a rede hoje mobiliza mais de 85 países, todos empenhados na iniciativa de apregoar o uso seguro e responsável da internet , principalmente no que se refere às crianças e adolescentes.
 
No Brasil, a data foi comemorada no dia 05 de fevereiro do corrente ano.
 
Destaco a sua importância diante do fato de que nossas crianças e adolescentes estão, com raríssimas exceções, absolutamente soltos nesse mundo virtual; o qual , a exemplo do mundo real, está ficando cada vez mais perigoso.
 
É verdade que a internet é fonte de diversão e de informação, e vem se tornando, também, um instrumento valioso, seja no trabalho, nas escolas e universidades, no comércio, na saúde, nas indústrias, enfim.
 
Mas, a par de tudo isso, e de sua real importância, a grande verdade é que ela é, também, cheia de perigos e de gente mal-intencionados ( os nomes, idades, qualificação, e coisas mais que por ali circulam, nem sempre são verdadeiros), daí o grande valor dessa novel iniciativa que busca – acima de tudo – a conscientização do uso seguro da internet, advertindo e conscientizando os pais e educadores a respeito dos perigos que o uso indiscriminado , desmedido e sem vigilância poderá ocasionar aos nossos filhos e netos.
 
É preciso muito diálogo e firmeza. É preciso colocar limites, e, para aqueles pais que não têm tempo, existe programa de filtro e controle, de modo a controlar o tempo de uso e os links acessados. É certo que salas de bate-papo, msn e e-mail fica difícil controlar se você não exigir que o computador deve ser mantido em lugar que você possa ver o que as crianças estão olhando e fazendo.
 
É preciso dizer a seu filho ou filha que nunca dê ou divulgue informações sobre a sua pessoa, de forma que venha a ser identificado (nome, telefone, morada, foto, etc), e que nunca deve ter encontros com “amigos” feitos online, sem a presença de um adulto, de preferência um dos pais. Diga a eles que muitos perfis são falsos e criados para enganar, e, que, por isso, eles devem sempre desconfiar da pessoa com que ele ou ela fala num chat ou redes sociais, lembrando a eles, ainda, do ditado que diz que “ nem tudo que reluz é ouro” , daí não descurar jamais do cuidado.
 
E, mai ns : incentive o uso da Internet para pesquisas e aprendizado, e diga para eles que abandonem os “chats” se o assunto for pornografia, sexo ou outras coisas que não seja do agrado deles, e que não acessem sites de pedofilia ou qualquer um outro de conteúdos impróprios.
 
Fale, mas fale claramente sobre o que é pedofilia. Diga-lhes assim, de forma sucinta, que pedofilia é uma perversão sexual, na qual a pessoa mais velha tem atração sexual por criança, e que o pedófilo é um cara perigoso e que, por isso, se deve cair fora dele. Conte para eles que os pedófilos costumam usar sites de relacionamentos à procura de vítimas, sendo certo que muitos deles se passam por crianças da mesma idade até chegar onde pretendem.
 
De tudo o mais quanto se poderia ainda mais acrescentar, eis que acaba de despontar o maior sucesso recente do Facebook, considerado a mais nova ousadia da revolução sexual e comportamental promovida pela internet e que consiste num aplicativo que pergunta : “ você quer transar comigo? “. Sobre isso falaremos num outro artigo.
 
No mais, um grande alerta : não deixem os seus filhos na Internet até altas horas da noite, já quase no alvorecer de outro dia, absolutamente sozinhos , livres, leve e soltos nesse mundo virtual que é inseguro e perigoso.
 
Sobre o tema, certa feita disse a uma de minhas netas, de 13 anos : “ Olha, minha filha. Seu avô é 50 anos mais velho que você, e , mesmo sabendo que estou em pé, ainda tomo cuidado para não tropeçar e cair. O perigo existe, sim, e é preciso muito cuidado .


Eldes Ivan de Souza é Juiz de Direito Aposentado do TJMT