Suinocultura segue no prejuízo, até quando?
Em crise, trabalhando e registrando resultados negativos há mais de 24 meses, a suinocultura mato-grossense, que já esteve na UTI, hoje respira sem a ajuda de aparelhos, mas nem de longe vive seus melhores dias, e seu estado ainda requer muitos cuidados. O segmento sofre por conta do alto custo de produção, causado principalmente pelo preço do milho e do farelo de soja, principais insumos da atividade, e atrelado a desvalorização do animal vivo, com consequência na baixa remuneração ao produtor causa uma tempestade perfeita. Por consequência disso, vários produtores independentes deixaram a atividade, e os que resistem ainda sonham com dias melhores, mas sem garantias e prazo.
Com tanto tempo trabalhando no vermelho, suinocultores que dedicaram a vida na atividade, muitos são grupos familiares que permanecem há gerações na produção precisaram interromper este ciclo, e para não quebrar, encerraram as atividades e partiram para outros ramos.
Historicamente sabemos que a suinocultura passa por crises sazonais, mas causa disso não é o trabalho do produtor, que faz muito bem seu dever de casa, e mesmo com todas as normas ambientais, conseguiu fazer com que o suíno tenha sido a proteína animal que mais cresceu em consumo e produção no Brasil entre 2016 e 2021, com aumento de mais de 30%.
Segundo estimativa do Imea, são mais de 20 mil famílias ligadas à suinocultura em Mato Grosso. A Acrismat, associação que representa os criadores de suínos no estado, tem trabalhado incansavelmente para diminuir os impactos na atividade. Os líderes e representantes do agro, ao longo desses últimos anos, já se reuniram com ministros da agricultura, com o atual presidente da república, com o governador de Mato Grosso e com parlamentares da Assembleia Legislativa. Tudo isso para buscar alternativas para a crise, e o diálogo e propostas para encontrar saídas para ajudar o setor sempre é baseado em estudos técnicos.
Por meio de ofício entregue à Frente Parlamentar da Agropecuária, que é composta por deputados estaduais, a Acrismat solicitou o aumento do crédito presumido no Proder para 100% do valor do ICMS nas operações próprias de saída interestadual de suíno em pé, em todas as finalidades. O pedido segue em análise pelo governo, mas existe a expectativa de que o valor alcance ao menos 75%, de acordo com a expectativa de alguns deputados.
Por entender que a crise afeta toda a cadeia, a Acrismat também encaminhou demanda que beneficia as plantas frigoríficas que abatem suínos no estado e conseguiu a prorrogação por seis meses de um incentivo ao segmento. O Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento de Mato Grosso (Condeprodemat), atendeu à solicitação e agora, até o final do ano, os frigoríficos que abatem suínos terão alíquota reduzida do ICMS de 2,3% para 0,5% em operações com suínos.
Nas próximas semanas também será lançada a Rede Suínos Forte MT, primeira central de negócios formada por suinocultores e criada com o objetivo de unir e trazer maior poder de negociação dos produtores com seus fornecedores. A ferramenta é de iniciativa da Acrismat, que aposta que o modelo de negócio trará além de melhores condições de negócios, um ambiente mais favorável para troca de conhecimento e experiências, networking e modelos de gestão para devolver a milhares de famílias da suinocultura a esperança de se manter no segmento e continuar produzindo uma das proteínas mais acessíveis e mais consumida do mundo.
Frederico Tannure Filho é produtor rural e presidente da Acrismat.
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