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Opinião
Segunda - 25 de Fevereiro de 2013 às 20:37
Por: Gabriel Novis Neves

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Nunca, jamais, em tempo algum uma blogueira de um micro país fez tanto sucesso no Brasil como Yoani Sánchez.

Cubana de nascimento sofreu na própria carne todo tipo de retaliação por tentar exercer na sua terra natal a sua função de jornalista independente.

Mesmo diante de tantas adversidades criou, em 2007, o Blog “Geração Y”, de oposição ao regime cubano.

Por várias vezes quis deixar o país, mas era sempre impedida pelo interminável regime democrático dos irmãos Castro e dos decadentes políticos, artistas e futebolistas sul-americanos.

Enfim, amparada por uma nova lei migratória vigorando desde janeiro em Cuba, a blogueira conseguiu autorização para sair do país. Vai viajar por vários países divulgando suas ideias.

Começou a viagem pelo Brasil, país irmão e protetor da vigorosa economia da moderna ilha. Veio assistir ao lançamento do documentário do brasileiro Dado Galvão, Conexão Cuba-Honduras, no qual ela é personagem, e que fala sobre Liberdade de Expressão e Direitos Humanos.

Desde a sua chegada em terras de Pedro Álvares Cabral, tem sofrido todo tipo de humilhação possível, praticado por militantes dos partidos do governo.

Essa cena, não condizente com a nossa formação histórica de hospitalidade, teve o seu ponto culminante quando, na cidade de Feira de Santana (BA), o documentário foi impedido de ser exibido pelos seus inimigos políticos, “apesar de toda a proteção policial”.

A jovem jornalista tem sido perseguida, e hostilizada o tempo todo na sua visita ao nosso país, deixando constrangidos os hospitaleiros brasileiros e criando uma péssima imagem no exterior da nossa democracia.

A esquerda brasileira criou uma líder internacional. Burrice das grandes.

A intolerância política é tamanha, que esse documentário foi finalmente exibido na Câmara dos Deputados, com forte tumulto entre os presentes.

Os políticos da base de sustentação do governo são contrários à divulgação de tais fatos, acostumados com as liberdades individuais e, principalmente, de pensamentos implantados na ilha do Caribe.

A Yoani Sánchez, que é um símbolo da luta pela democracia em Cuba, aqui no Brasil demonstrou, com a sua presença, que vivemos a plena democracia bolivariana.

Além do vexame internacional dessa nossa atitude de intolerância ideológica, continuamos na nossa sina de fabricar heróis.

Yoani Sánchez é a nossa mais recente heroína.

“Não deixe de perdoar os seus inimigos – nada os aborrece tanto”. (Oscar Wilde).

Este é o Brasil que dá aula ao mundo sobre todos os assuntos, inclusive sobre a tolerância ao contraditório.

GABRIEL NOVIS NEVES é médico em Cuiabá, foi reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).



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