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Opinião
Quinta - 07 de Março de 2013 às 21:18
Por: Lourembergue Alves

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Volta e meia, e isso já há mais de três anos, veicula-se a notícia de que Blairo Maggi poderá ser ministro. Logo, a notícia ganha às manchetes dos jornais, percorre os espaços dos sites e blogs e é divulgada pelas emissoras de TV e do rádio. Quase sempre mato-grossenses. Exceto um ou outro meio de comunicação de alcance nacional. Mas a presidente carece do aval do partido, cuja cúpula nacional veta a indicação. Segue, então, uma serie de falatórios a respeito do desconforto do senador no PR, que fala em migrar para outra agremiação. A situação mantém o ex-governador por um bom tempo na mídia. O que lhe rende dividendos eleitorais significativos. Importantes para quem sonha voltar a concorrer à chefia do Executivo estadual, à sucessão de Silval Barbosa.

 Sonho que também faz parte do cotidiano de outro senador. O pedetista, igualmente, aposta em lace de autopromoção. Não foi outra, aliás, a razão porque se atirou, sem chances de vitória, na disputa a presidência do Senado. Jogada que lhe projetou nacionalmente, e isso, certamente, arrebatou para si a simpatia de muitos mato-grossenses. Simpatia que pode resultar em votos na eleição de 2014. Possibilidade que se amplia com o empunhar a bandeira da ética, transparência e moralidade pública, mesmo diante de uma série de denúncias que pesa contra, divulgada recentemente por certo jornalista local. Divulgação que novamente “joga” Pedro Taques para o centro do tablado, e ele, uma vez mais, se sai bem. E, para não perder o momento, que lhe parece favorável, defende a mudança da forma da eleição da presidência da Mesa Diretora do Senado, substituindo o voto secreto pelo aberto – próprio do sistema constitucional parlamentar, apesar de prever exceções. 

 Substituição que não representa grande coisa. Não em termos de mudança no processo de escolha do presidente do Senado. O pedetista tem ciência disso. Mas seu objetivo, na realidade, é bem outro, o de manter-se em evidência, em especial na mídia nacional, assim como fizeram outros políticos da terra. Tanto os do passado como os do presente. A propósito, o senador republicano transformou em marketing a sua ascensão a chefia da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado. Feito que revoltou os ambientalistas, porém empolgou seus eleitores, sobretudo quando outros senadores - até por falta do que dizer - passaram a “lembrar” das realizações de quando Maggi esteve à frente do governo mato-grossense, além dos “compromissos institucionais assumidos pelo grupo Amaggi em prol da sustentabilidade”, a ponto de, em 2012, se tornar a primeira empresa brasileira e da América Latina apontada como referência de gestão ambiental em seu setor no relatório anual do Forest Footprint Disclosure (FFD). Compromissos que, no dizer de Alfredo do Nascimento (PR/AM), a quem foi atribuído de vetar o nome de Blairo para o ministério, vêm desde o Sr. André, e, por isso, “o Blairo dará ao país as respostas que a sustentabilidade e o meio ambiente tanto precisam”.

 Desse modo, uma sessão, sem qualquer pretensão eleitoral, até pelo pequeno alcance dela, transformou-se no grande palanque do republicano, que passou a ter outra imagem bastante diferente da fotografada pelos ecologistas. 

 Pedro Taques tem se comportado de igual modo. Suas aparições públicas, ainda que sejam em uma sala de comissão da Casa, são conduzidas para lhe render a maior visibilidade possível.
 Taques e Blairo, portanto, posam para o eleitorado com uma imagem positiva. Imagem que nada tem a ver com capacidade e habilidade, embora aquela, quase sempre, é confundida com estas. Particularmente quando se tem toda uma encenação e um jogo de imagens, que levam o eleitorado a misturar os conceitos, e, por isso, deixa de perceber que a notícia de um convite para assumir um ministério pode fazer parte de uma estampa maior, a de ganhar visibilidade eleitoral para 2014.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista de A Gazeta, escreve neste espaço às terças-feiras, sextas-feiras e aos domingos. E-mail: Lou.alves@uol.com.br.   
 


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