Que deus proteja os nossos filhos! Mães são unânimes em rasgar sedas sobre maravilhas de se conceber filhos
Eu costumo dizer que filho (s) é um carma, com toda satisfação, abnegação e trabalho. Será uma parte nossa, que bem ou mal, nos acompanhará para todo e sempre. Machado de Assis, que parecia não nutrir muito apreço pela prole, afirmou: “Não tive filhos, não passei a ninguém a herança da nossa miséria”. Beltrand Russell, disse que “a intimidade traz duas coisas desagradáveis: filhos e aborrecimentos”.
Entretanto, a maioria dos pais/mães, são unânimes em rasgar sedas sobre as maravilhas de se conceber filhos, vê-los crescer e se tornarem adultos: uma realização e tanto! Se não os ter como sabê-lo!
A questão crucial não é somente concebê-los, mas cria-los. Eis aí uma tarefa hercúlea, pois a natureza cobra caro pela reposição da espécie. Queira ou não, se tem que enfrentar a dar conta deste grande desafio.
E aí, meu caro leitor, onde a porca torce o rabo! Eis que senão quando, estamos as voltas com o rebento nos braços. E Agora José? Não tem prontuário e nem manual a ser seguido! E os desafios bateram a sua porta a exigir uma dedicação e uma abnegação de um santo.
Os nossos pais, pessoas simples de parcos conhecimentos e recursos – e uma vontade de aço - formaram famílias e deram a elas um direcionamento seguro.
Pai e mãe eram sagrados. A bênção meu pai! A benção minha mãe! Um olhar severo era uma ordem incontestável a ser seguida. As regras eram rígidas e seguidas à risca, senão o pau comia!
Castigo era e deveria continuar sendo uma punição pela desobediência e pelo malfeito! Construíram-se limites e conceberam-se uma geração de mulheres e de homens fortes, responsáveis e notáveis.
E nós, hein! Educados/ letrados/fortes/notáveis/responsáveis etc., com as exceções devidas, o que fizemos desta herança? Substituímos o que funcionava e não concebemos e nem conseguimos colocar nada de útil no lugar.
Com a nossa soberba sapiência de inovações e conceitos modernos, demonstramos e provamos que somos “uns bananas”, pois não sabemos sequer fazer direito a primeira lição que todo animal sabe de cor e salteado, desde sempre, por herança genética: criar filhos.
Não sabemos dizer não, por que somos acometidos de um surto de inseguranças e uma perniciosa culpa de ter tido uma vida difícil que de forma nenhuma justifica a nossa permissividade.
Relativizamos escrúpulos e certezas seculares, em prol de um bom mocismo deletério. Temos receio de não arredar pé das nossas convicções para não ser careta ou fora de moda.
Enfim, como pais, formadores de uma nova geração e educadores a nota é zero. Isto resultou numa geração de folgados que fazem o que querem e não conhecem barreiras, limites e nem obstáculos, achando que o mundo é jardim de delícias, sem quaisquer restrições e/ou sem um acerto de contas futuro.
A nossa lassidão, nos tornaram inúteis e indignos de ser pais responsáveis pelas gerações futuras, pois nos falta cepa, discernimento, comprometimento e compromisso com os valores mais caros da nossa sociedade em prol de uma vida e de um mundo melhor.
Certamente estará reservado para nós os lugares mais sombrios do Inferno (Dante), pois nos abstemos, calamos e esperamos que tudo se resolva, ante a nossa minifesta irresponsabilidade, incúria e omissão.
Que a terra nos seja leve e que Deus proteja os nossos filhos!
Renato Gomes Nery é advogado.
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