Obesidade infantil e esteatose hepática
A obesidade infantil ganhou o status de epidemia em decorrência do aumento do número de crianças obesas em todo o mundo. Hoje ela é considerada um grave problema de saúde pública. Conforme a Organização Mundial da Saúde, em 2025 poderá haver 75 milhões de crianças obesas no mundo.
A obesidade é uma doença preocupante entre os adultos e quando se fala em crianças, a situação é ainda mais grave. Isto porque a saúde começa a sofrer com os problemas causados pelo sobrepeso enquanto a criança deveria estar em pleno desenvolvimento físico.
A obesidade não é um problema de estética. Está relacionada a diversas doenças crônicas, como diabete, hipertensão, doenças cardíacas e má formação do esqueleto. Além disso, pode gerar dificuldades para executar atividades e brincadeiras comuns da infância.
Como a obesidade é uma doença, geralmente, decorrente do comportamento do paciente, em uma família com hábitos alimentares incorretos, pouca ou nenhuma atividade física. Quase todos que convivem na mesma casa acabam sofrendo as consequências.
Outras causas de obesidade infantil incluem: Falta de sono, ansiedade e/ou depressão, fatores genéticos e hormonais. Ao desenvolver a obesidade, a criança acaba sofrendo com toda aquela diversidade de doenças de um obeso adulto, e sendo ainda cruel ao ponto de limitar que ela aproveite essa época da vida.
A prevenção ou tratamento da doença, começa com modificações no estilo de vida, com ajuda especializada de médicos, nutricionistas e até preparadores físicos para auxiliar a transformar os hábitos e proteger da obesidade infantil.
Adotar uma vida mais saudável através da alimentação e realização de atividades físicas, são os principais pilares para garantir uma vida mais saudável.
Novos métodos de quantificação da esteatose hepática
Entre as diversas repercussões que a obesidade provoca na saúde da criança e do adolescente, destaca-se a esteatose hepática, que é o estágio inicial da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA).
A DHGNA é um problema clínico, emergente, entre pacientes obesos, adultos e jovens que se caracteriza como uma síndrome de etiologia multifatorial, na qual a obesidade é o fator associado mais comum. Inicialmente se observa infiltração hepática de gordura (esteatose), podendo evoluir com atividade inflamatória e necrose, com ou sem fibrose perissinusoidal (esteatohepatite), fibrose avançada e cirrose. A importância do diagnóstico precoce da esteatose hepática deve-se ao fato de que 28% dos pacientes que evoluem para esteatohepatite podem chegar à cirrose e ao carcinoma hepático com alto risco de necessitar de transplante hepático.
A DHGNA pode ser suspeita pelo exame físico (hepatomegalia, isto e, aumento do tamanho do fígado), exames de sangue e ultrassonografia.
A ultrassonografia hepática é considerada um bom método para diagnóstico e seguimento do grau de infiltração gordurosa no fígado, embora não se correlacione com o grau de fibrose. A ultrassonografia hepática é útil na rotina de investigação de crianças e adolescentes obesos.
Atenuação de imagem (ATI) é uma nova técnica de ultrassom para diagnóstico de esteatose, que detecta estágios iniciais de infiltração gordurosa, enquanto que o USG modo B (exame convencional) só detecta esteatose quando o envolvimento das células é maior que 20%. É um método não invasivo baseado em US para a quantificação da esteatose hepática.
A técnica permite que os médicos estimem a extensão da condição e rastreiem as mudanças ao longo do tempo. Isso é útil para monitorar a progressão da doença e orientar as decisões de tratamento, especialmente na prática pediátrica.
Enfim, a obesidade é um problema grave e deve ser encarado com cuidado. Quanto mais cedo for tratada, maiores são as chances de cura.
Adriana Costa é médica radiologista, especialista em radiologia pediátrica, integra as equipes do Hospital do Câncer, Idapi e Cadim.
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