Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Opinião
Quarta - 17 de Abril de 2013 às 21:03
Por: Wilson Carlos Fuá

    Imprimir


Contam uma história de um jovem chamado Zé Belinho, que um dia queria ser prefeito e que vivia uma vida de príncipe morando numa casa em forma de Castelo, cercada de muros altos e com enormes jardins, enfim levava uma vida onde tudo era “perfeito” para ser prefeito, ele não conhecia nada além dos muros, tinha tudo, mas esse ter tudo não trazia nenhuma felicidade, dizia que já estava com idade e experiência para dedicar parte da sua vida em nome do povo e que queria dar seu trabalho para a cidade que lhe deu tudo. “Eu estou pronto para ser Prefeito” e perguntou ao seu Assessor como fazer isso. O assessor lhe aconselhou a sair pela cidade, ver e sentir como as pessoas vivem no mundo real e além dos muros.

No seu luxuoso BMW saiu por ai, de rua em rua, de bairro em bairro, desceu a Av. Coronel Escolástico e ficou a contemplar a Estatua dos Bandeirantes e logo na Rua Voluntário da Pátria encontrou um grupo de pessoas levando um caixão, seguindo para o Cemitério da Piedade, o cortejo levava um morto de família pobre, seguia a pé para sepultar um parente sem recursos, pois na cidade não existia lugar para enterrar os pobres. Nesse momento teve o seu primeiro contato com a morte, e viu que até a morte é discriminatória contra os pobres nesta cidade.

 Na avenida prainha uma confusão no trânsito, logo viu o corpo de um motoqueiro estendido no chão a espera do SAMU, e pelas avenidas os motoristas seguem a luta violenta com os motoqueiros pelos espaços e o governo diz que a engenharia de trânsito está a espera dos gordos recursos do IPVA.
Passando em frente de um Banco assistiu a um tiroteio com pessoas feitas de reféns e enquanto isso os banqueiros arrecadam infinitos recursos com taxas dos correntistas e dizem que o problema é do governo ou do prefeito; pelas esquinas da vida vê-se os famosos “flanelinhas” que são um retrato de uma geração perdida, estão apenas nas estatísticas dos desempregados anônimos, que na verdade são grandes quantidades de jovens vivendo ao relento fumando crack, com corpos cadavéricos e vidas imundas, representando miséria do povo está espalhada toda parte.

E para encerrar a sua caminhada além dos seus muros, o candidato a Prefeito , o jovem Zé Belinho, foi até o Pronto Socorro, ali sim está a verdadeira tristeza das dores do mundo, doentes na fila da morte esperando pela regulação de vagas, que na verdade significa regulação da morte, pois muitos estão esperar um morreu para vagar para alguém que esperar viver. Ficou com o coração partido ao ver uma enorme quantidade de doentes sofredores, gritando por socorro, deitados ao chão e sobre macas improvisadas em forma de leitos. Ali se pôde ouvir os gemidos das dores do mundo, ali se pôde ver os rostos dos agonizantes, ali está o retrato da realidade dos pobres que adoecem no país do SUS.

Após essa breve viagem pelo mundo real, descobriu os horrores da vida, possuído pelo tristeza da alma o jovem Zé Belinho, disse para ao Assessor: “Existe alguma maneira de não ter que enxergar mais isto?”
 “Existe”, disso o Assessor – Para ser Prefeito terá que corrigir tudo que está errado e lutar para dar dignidade ao povo pobre e melhorar a cidade para que seja o melhor lugar para se viver.
 “Pelo tudo que vi, isto é muito difícil”, disse o Zé Belinho.

 Será que não existe uma solução mais fácil e rápida como fazem os mágicos nas suas apresentações?
 Existe sim - disse o Assessor.
Basta furar os seus olhos.

Essa a realidade está em todas as partes das cidade e pelo país afora.
Quer ver?

 Basta sair das viagens virtuais, e verás o mundo triste dos pobres e dos miseráveis. A fome está sendo maquiada com as bolsas famílias, as doenças e as dores estão à espera pela construção e reformas de UPAs e Ponto Socorros patrocinada pela falta de amor das pessoas que tem o poder de mudar toda essa situação, mas projeta para um futuro duvidoso como se as dores e as doenças esperassem por um solução virtual das “propagandas futurosas”.
 Em todo ponto de ônibus, pessoas expostas ao sol e chuva à espera de um lugar na lotação onde as mulheres e as crianças são desrespeitadas, atropeladas e assim vão pela viagem da vida, seguindo em busca do seu “ganha pão”, amontoadas, a espera do que se vê no mundo virtual das propagandas do moderníssimo e lindo VLT.

 Não precisa ser político ou ter mandato para saber que além das nossas fronteiras existe um mundo cheio de infinitos problemas sociais. São muitas pessoas angustiadas e vítimas da violência dos assaltos, vivendo a tristeza de ver um parente “tombado” pela bala dos jovens ladrões, que estão a representar o seu papel no grande espetáculo da vida bandida, praticando violência em busca de recursos para alimentar seus vícios e depois serem presos e imediatamente soltos porque são menores de idade e usuários.

 Quanto Zé Belinhos existe por aí querendo ser Prefeito, pois pensam que a cidade também mais um brinquedo virtual.

 



Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/artigo/101/visualizar/