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Meio Ambiente
Quinta - 27 de Março de 2014 às 09:32

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“A curto prazo não há o que fazer. É uma situação absolutamente inédita e trágica. Agora temos que fechar a torneira e rezar”. Presidente do Conselho Mundial da Água, o brasileiro Benedito Braga, também professor de engenharia ambiental da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), é bastante realista em relação aos problemas de desabastecimento de água do estado de São Paulo, principalmente do sistema Cantareira, que fornece água para quase metade da população paulista.

Nesta quarta-feira, o nível do maior reservatório de água do Estado bateu recorde mínimo de 14,1%. A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e o governador Geraldo Alckmin já haviam acendido o alerta vermelho quando o nível baixou de 35%, ainda em dezembro do ano passado, volume considerado “de segurança por especialistas”.

Benedito Braga acredita que três fatores fizeram com que a situação se tornasse alarmante: falta de chuva na região, que segundo o especialista é o principal motivo da seca; uso desenfreado da água existente; e complexidade na realização de obras e infraestrutura hídrica.

“Criou-se um emaranhado de leis e instituições no sentido de preservar a natureza, mas o resultado prático operacional é complicadíssimo. O projeto, que a implantação nos EUA ou Alemanha levaria um ou dois anos, aqui se levam dez porque depois que se decide tudo, com tem todas as licenças, vem o Ministério Público e diz: ‘espere, vocês falharam aqui’. E a obra é parada. Fora quando não muda de governante e interrompe o projeto. Isso precisa mudar. Precisa ser sim ou não no prazo de no máximo um ano. Precisamos de um sistema de infraestrutura hídrica que não dependa tanto de uma complexidade para implementação. Precisa ter coragem”, disse o presidente do Conselho Mundial da Água.

Em relação à polêmica entre Alckmin e o governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral sobre a retirada de água do rio Paraíba do Sul para abastecimento em São Paulo, obra que ficaria pronta apenas em dois anos, Benedito Braga acredita que não era necessário que o governante paulista reportasse à presidente Dilma Rousseff e muito menos à Agência Nacional de Águas.

“Esse reservatório foi construído com recursos do governo de São Paulo, o rio é estadual de São Paulo. A ANA não tem nada a ver com esse assunto, não sei por que vivem dizendo que a ANA tem que dar autorização. A responsabilidade dos rios do estado é do Estado. Claro que o governo de São Paulo não vai fazer isso sem se articular com a ANA, mas não perguntar se pode”, explicou.






Fonte: Terra

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