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Saúde
Segunda - 05 de Setembro de 2011 às 11:15

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Cientistas nos EUA anunciaram ter produzido células-tronco de rinoceronte-branco-do-norte e de um macaco africano. A pesquisa pode ajudar a garantir a sobrevivência das duas espécies que estão ameaçadas de extinção.

Os cientistas relatam, na publicação "Nature Methods", que as células-tronco poderão ser transformadas em diferentes tipos de células do corpo dos animais. Se forem convertidas em óvulos e esperma, "filhotes de proveta" também seriam desenvolvidos.

As aplicações ainda estão projetadas para um futuro distante, mas a chefe da equipe de pesquisa, Jeanne Loring, disse que os estudiosos ficaram especialmente entusiasmados com os resultados obtidos com as células do rinoceronte, que superaram as expectativas.

As células-tronco foram feitas a partir da pele dos animais, em um processo de "reprogramação" --nele, o retrovírus e outras ferramentas da biologia celular moderna são usados para devolver as células a um estágio prévio de desenvolvimento.

Nesse estágio, as células são "pluripotentes", ou seja, podem ser induzidas a formar diferentes tipos de células específicas, como neurônios e cartilagens.

Os procedimentos em questão dependem muito de tentativas e erros, e os pesquisadores esperavam êxitos nos feitos com o macaco africano (chamado de drill), pelo histórico de experimentos prévios feitos com primatas.

APLICAÇÕES MEDICINAIS

As aplicações iniciais da pesquisa devem ser medicinais. No caso de animais sofrendo de doenças degenerativas, como diabetes, as células-tronco podem, em tese, vir a ser substitutas de células que estão perdendo suas funções.

Estudos que partem dessa premissa já estão em curso em humanos, para combater problemas como falência cardíaca, cegueira, derrames e lesões na espinha dorsal --ainda que o uso prático de tais pesquisas seja tema de debates.

Uma ideia que empolga os cientistas é criar embriões ao induzir células-tronco a fazer óvulos e esperma.

"Fazer gametas [células reprodutivas] a partir de células-tronco ainda não é algo rotineiro, mas há relatos de que isso esteja sendo feito com animais em laboratórios", prosseguiu Loring.

Ela crê que a técnica é mais promissora do que a de clonagem de animais ameaçados, por ter uma taxa de sucesso maior. "Você tem a possibilidade de fazer novas combinações genéticas, em vez de clonar, que apenas reproduz animais já existentes."

"ÚLTIMO ESFORÇO"

O cientista conservacionista Robert Lacy, da Sociedade Zoológica de Chicago, disse que a técnica pode, algum dia, tirar algumas espécies do risco de extinção, mas que ainda há muito trabalho a ser feito.

"As perspectivas para o uso desses métodos, de dar continuidade à linhagem dos últimos indivíduos de algumas espécies, será um último esforço, após termos falhado em proteger esses animais de maneiras prévias, mais simples e eficientes", afirmou Lacy.

Esse é o caso, ele diz, do rinoceronte-branco-do-norte, existente na África e ameaçado pela caça ilegal.

Três anos atrás, a população selvagem da espécie estava reduzida a apenas quatro indivíduos que habitavam um parque nacional na República Democrática do Congo. Expedições recentes sequer conseguiram localizar esse pequeno grupo.

Dessa forma, é possível que sete rinocerontes-brancos-do-norte enjaulados sejam os últimos representantes da espécie no planeta.

Já o primata drill (Mandrillus leucophaeus) também está com uma população declinante na Nigéria e em Camarões, principalmente por causa da caça e por perda de habitat.

As pesquisas de células-tronco têm unido cientistas conservacionistas e de laboratório --caso de Jeanne Loring, que chefia o Centro de Medicina Regenerativa no Instituto de Pesquisas Scripps, na Califórnia.

Seu objetivo imediato é replicar o trabalho desenvolvido com o rinoceronte em outras dez espécies de animais ameaçadas, incluindo uma de elefante. 






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