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Cidades
Domingo - 24 de Julho de 2016 às 09:49
Por: Patricia Neves - Olhar Direto

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“Não me arrependo de nada não. Era eu ou ele”. A afirmativa é do jovem Kaike Henrique, de 18 anos que cumpre medida socioeducativa em Cuiabá após a execução do empresário Claudemilson Ferreira, de 41 anos, e Alessandra Scheffer, de 24 na cidade de Juara, a 690 quilômetros de Cuiabá, em outubro de 2016.

O jovem, que está matriculado na Escola Meninos do Futuro, que atende exclusivamente adolescentes que possuem algum conflito com a lei e cursa o 1º ano do Ensino Médio, conversou com a reportagem do Olhar Direto, que visitou as instalações do Centrosocioeducativo de Cuiabá, unidade que atende a cerca de 60 adolescentes. Kaike está na unidade há oito meses e atingiu a maioridade penal cumprindo internação socioededucativa.


Sem demonstrar arrependimento, ele declarou que não possuía nenhuma opção. “Ele tentou pegar a arma da minha mão. Não tinha jeito. Era ele ou eu”.

Segundo ele, o plano de roubo foi elaborado pela garota com quem ele ‘ficava’. “Não era minha namorada. A gente só ficava mesmo. A gente ia levar o carro pra Bolívia, mas ele {empresário Claudemilson} tentou reagir. Não me arrependo de nada não”, resumiu.

A jovem a que ele se refere trata-se de Aline Machado, de 19 anos. A garota era funcionária do lava-jato de Claudemilson e foi presa semanas após o crime, pouco depois de confessar em rede social que era a mentora da ação. A garota, que foi presa na cidade de Tangará da Serra, responde a processo por duplo latrocínio na condição de mentora intelectual e ainda pelo crime de corrupção de menores.

Além de Aline e do adolescente de 17 anos, um terceiro jovem, de 13 anos, foi envolvido na ação criminosa. Ele morreu tempo depois da dupla execução.

“Aqui é péssimo”

Transferido para capital por medida de segurança, ela contou que a precária estrutura do espaço não ajuda em ressocialização. “É muito ruim ficar aqui. É sujo. Aqui é péssimo”, reclamou.

Segundo ele, em Juara ele residia com a mãe, mas limitou-se a dizer que nem sempre a via. O espaço da casa era dividido ainda com um irmão e uma irmão. AoOlhar Direto ele afirmou ainda que tinha abandonado a escola e que já havia sido flagrado em outros crimes contra o patrimônio e tamém por envolvimento com o tráfico de entorpecentes.

Após cumprir sua medida socioeducativa, ele planeja ir embora de Mato Grosso e tentar uma nova vida. “Não quero ficar mais por aqui é muito dificil depois de tudo”, finalizou.



Família

Para o secretário de Justiça e Direito Humanos (Sejud), Márcio Dorileo, é preciso repensar ações econômicas e sociais para que os reflexos apareçam.



“Temos que trabalhar para enfrentar a causa. A grande causa hoje da criminalidade infanto-juvenil é a desagregação familiar, problema com drogas. No Pomeri, tenho mais de 70% vindo de famílias desestruturadas. Além disto, tem índice muito alto de adolescentes que foram para lá por conta do uso de drogas. É um reflexo do que temos dentro da sociedade. Temos que acatar a causa, para não ficarmos enxugando gelo”, disse ao Olhar Direto.

Ele ainda pondera que “a reincidência dos adolescentes é muito desproporcional em relação ao sistema prisional, não chega a 20%. A prática de delitos dos adolescentes no Brasil, segundo os dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), é de 1%. Precisamos juntos enfrentar esta questão, principalmente às famílias.”





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