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Nacional
Domingo - 17 de Julho de 2016 às 09:43
Por: Istoé/Débora Bergamasco, Pedro Marcondes de Moura

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Faltando menos de três meses para as eleições municipais, a descrença com os governantes só cresce. Bate recordes após dois anos de Operação Lava Jato, do traumático afastamento de uma presidente da República envolta em corrupção e do colapso dos serviços públicos. Chegou-se a um ponto em que só 6% da população acreditam na classe política, segundo levantamento da organização internacional GFK Verein. É nesse cenário que começam a despontar em várias capitais candidatos com uma roupagem diferente. Não são necessariamente novatos ou desconhecidos, mas tratam a política e a forma de fazê-la de um jeito que os eleitores não estão acostumados a ver. Em geral, têm a capacidade de gestão como o ponto forte das biografias e apresentam nos currículos ações práticas e não apenas bandeiras ou promessas vazias. São os casos dos empresários João Dória Júnior (PSDB) na capital paulista e Roberto Oshiro (Rede) em Campo Grande, do reitor Carlos Maneschy em Belém, do juiz federal Julier Sebastião (PDT) em Cuiabá e do Delegado Waldir (PR) em Goiânia.

O GESTOR O empresário João Dória Júnior (PSDB) estreará nas urnas na disputa pela prefeitura de São Paulo. Defende, além da melhora da gestão, a redução do tamanho da máquina pública com privatizações e concessões como forma de arrecadar recursosO GESTOR O empresário João Dória Júnior (PSDB) estreará nas urnas na disputa pela prefeitura de São Paulo. Defende, além da melhora da gestão, a redução do tamanho da máquina pública com privatizações e concessões como forma de arrecadar recursos

Workaholic, daqueles que trabalham 16 horas ao dia, João Dória Júnior estreará nas urnas na disputa pela prefeitura de São Paulo. Possui uma carreira bem-sucedida na iniciativa privada. É dono de um grupo de comunicação responsável por reunir mais de 50% do PIB em eventos. Contatos que podem auxiliá-lo no plano de trazer empresas para ajudar a resolver problemas do município, mergulhado em dívidas. “Para fazer uma gestão eficiente tem de diminuir o tamanho da máquina pública e gerar novas receitas”, diz. O empresário pretende arrecadar entre R$ 7,5 bilhões a R$ 9 bilhões com a privatização de estruturas públicas deficitárias, como o autódromo de Interlagos. Quer promover concessões e parcerias público privadas para tirar das maquetes obras e empreendimento que a cidade não tem recursos para fazer. Do outro lado, pretende aprimorar o gasto público. A idéia é promover um choque de gestão que consistiria na redução do número de secretarias municipais e no aumento de subprefeituras para que a prefeitura se aproxime mais da população.

Para mergulhar na política, Dória se afastou do comando das suas empresas e do programa televisivo que apresenta. Dedica-se, desde julho, a percorrer a cidade. Visitou 126 lugares na periferia nos último ano. Das andanças, pôde diagnosticar os pontos mais críticos do município, como o desemprego. Uma das fórmulas apresentadas pelo tucano para dinamizar a economia é a criação de um projeto para desenvolver o empreendedorismo.Em cada subprefeitura, existirá, se eleito, um núcleo para auxiliar as pessoas a criarem empresas nos setores de tecnologia, franquias e serviços. “São áreas que, mesmo na crise, seguem bem”, afirma. Duas vezes ao ano, os novos empreendedores se apresentarão a investidores em busca de capital. A rede de contatos de Dória deve facilitar a presença de boa parte dos grandes empresários do País em São Paulo.

Outro que pretende aplicar à gestão experiências da carreira privada é Roberto Oshiro, candidato em Campo Grande pela Rede. Ele comanda uma empresa de consultoria em gestão empresarial. Ficou conhecido na cidade por participar da Associação Comercial. “No ramo empresarial, a gente faz estudos e projetos bem elaborados, mas esbarra na má gestão e na falta de vontade dos políticos. Decidi dar minha contribuição.”

Neófito nas urnas, o candidato do PMDB à prefeitura de Belém, Carlos Maneschy, também se destaca pela eficiência administrativa. Maneschy possui um extenso currículo. Graduado em Engenharia Mecânica e com doutorado pela Universidade de Pittsburgh nos Estados Unidos, ele assumiu a reitoria da Universidade Federal do Pará (UFPA) em 2009. Ficou sete anos no cargo e chegou a presidir a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Sua gestão foi marcada pelo aumento do número de alunos de 6 mil para 8 mil e a melhoria da avaliação da instituição de nota 3 para 4 em uma escala do Ministério da Educação, que vai até 5. Parte do êxito se explica pelas parcerias firmadas com empresas, que aumentaram em R$ 70 milhões o orçamento da instituição em quatro anos. Na gestão da cidade, Maneschy pretende usar a experiência adquirida no meio acadêmico. “Quero, com convênios, trazer o conhecimento desenvolvido em universidades para resolver problemas”, afirma.

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Além da gestão, outro componente que marca o DNA dessa nova roupagem de políticos está na capacidade de combater a corrupção. Não se trata de empunhar a bandeira da ética. Muitos hoje envoltos na Lava Jato fizeram isso num passado recente. Agora, o que se vê são pré-candidatos que, na prática, atuaram contra desmandos com o dinheiro público. É o caso do juiz federal Julier Sebastião, candidato do PDT em Cuiabá. Foi ele quem condenou João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, cabeça de uma organização criminosa internacional. Ameaçado, passou dez anos com escoltas. Em 2014, pediu exoneração para ingressar na política. “Como juiz, acompanhei casos de improbidade. A angústia de resolvê-los se acumulou”, diz. Nas propostas, Julier dá especial atenção à transparência. Promete criar, se eleito, uma corregedoria do município nos moldes da que há no governo federal.

Também ligado à área de segurança, o deputado Delegado Waldir (PR-GO) disputará à prefeitura de Goiânia. Ele ganhou notoriedade pelo combate ao tráfico. Em 2014, elegeu-se o deputado federal mais votado no estado. Tem um mandato marcado por discursos contra a classe política. Foi ele quem fez a pergunta que comprometeu o futuro do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha ao questionar se ele tinha contas no exterior. “As pessoas estão cansadas de políticos. Querem técnicos que resolvam os problemas.” Espera-se que os próximos prefeitos ouçam suas palavras.





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