Arenápolis News - arenapolisnews.com.br
Nacional
Sábado - 09 de Julho de 2016 às 17:14
Por: Pieter Zalis/Veja.com

    Imprimir


(Antonio Milena/VEJA)

A previsão constava de um estudo do Ipea feito em 2010: em 2016, dizia, a miséria daria traço no Brasil - a pobreza extrema estaria "praticamente superada" e se transformaria em uma insignificância estatística. Havia razão para tanto otimismo. Naquele ano, o último do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o crescimento do PIB havia fechado em 7,5%, o maior desde 1986. Mais de 13 milhões de brasileiros já tinham desembarcado da extrema pobreza, e o poder de compra do salário mínimo havia aumentado quase 10% ao ano, no período compreendido entre 1995 e 2008. Passados seis anos, no entanto, o Brasil anda de marcha a ré. Novos estudos, estes coordenados por Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), indicam que os miseráveis - aqueles que não deveriam mais existir em 2016 - estão, na verdade, prestes a aumentar.

Um dos dados que mostram a iminência desse fenômeno é a queda inédita e simultânea de dois índices importantes no último trimestre de 2015: o da renda da população e o da "taxa de equidade", que mede quanto o país está mais igual - e, portanto, menos desigual. Ambos compõem o índice de bem-estar social da FGV. As duas quedas, da renda e da equidade, decorrem dos mesmos fatores, afirma Neri: "A inflação leva dois terços da culpa e a falta de emprego, incluindo o informal, é responsável pelo outro terço".

Até o fim de 2016, a renda per capita dos brasileiros deve recuar quase 10% em relação a 2014, aponta outro estudo da FGV. Será a segunda maior queda em 116 anos. Pior que esse tombo, apenas o do triênio 1981-1983, também marcado por uma crise econômica grave. Segundo um estudo da consultoria Tendências, a derrocada vai levar 7,8 milhões de brasileiros de volta à pobreza e seu entorno. Se o país não voltar a crescer até 2018, haverá mais pessoas nessa situação do que em 2005, ainda nos primeiros anos do governo Lula, prevê a consultoria.

No mês passado, VEJA percorreu cidades do Ceará, Bahia e Minas Gerais para revisitar brasileiros que em 2010 falaram à revista sobre seus planos e esperanças. O título da reportagem era "A vida melhorou". Nesta apuração, no entanto, o que se viu foi a confirmação, na vida real, daquilo que registram os indicadores econômicos. Para todos os entrevistados, a vida piorou.





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://arenapolisnews.com.br/noticia/105316/visualizar/