Trânsito: Na contramão do país motoristas de Cuiabá são os que mais dirigem após ingerirem bebida Aumenta em Cuiabá o número de motoristas que admitem pegar o volante após consumir bebidas alcoólicas
Apesar da adoção da tolerância zero para quem for pego em flagrante dirigindo sob os efeitos do álcool, Cuiabá registrou, nos últimos três anos, um aumento de 15,8% no número de pessoas que admitem dirigir depois de consumir bebida alcoólica. O percentual coloca a capital mato-grossense entre as três primeiras cidades brasileiras em que a população adulta mais abusa da combinação álcool e direção.
Dados como estes fazem parte de uma pesquisa do Ministério da Saúde (MS), divulgada recentemente. O levantamento mostra que, no ano passado, 11,7% da população cuiabana declararam que dirigiam após o consumo de qualquer quantidade de álcool, contra os 10,1% do ano de 2012. A cidade está apenas atrás de Florianópolis (13%) e de Palmas (11,9%).
Segundo o MS, os homens (8,7%) continuam admitindo mais a infração do que as mulheres (5,1%). Os dados também apontam que Cuiabá segue na contramão do restante do país, que registrou queda de 21,5% entre aqueles que assumem pegar o volante após consumir qualquer quantidade de álcool mesmo com o advento da criação da Lei Seca, em 2012.
Porém, no restante do país, o endurecimento da Lei Seca vem surtindo efeito. No conjunto das 27 capitais estudadas pela pesquisa, 5,5% dos indivíduos referiram conduzir veículos após o consumo de bebidas alcoólicas, contra os 7% de 2012, o que representa uma queda nacional de 21,5%.
Assim como foi constatado em Cuiabá, a proporção nacional é maior entre homens (9,8%) do que entre mulheres (1,8%). “Apesar disso, desde o endurecimento da lei seca, menos homens têm assumido os riscos da mistura álcool/direção”, informou o MS. Na média nacional, a queda foi de 22,2%, entre 2012 e 2015, entre o público masculino.
Já entre as capitais brasileiras, quatro se destacaram com queda superior a 50% nos últimos três anos. A primeira delas foi Fortaleza (54,1%), seguida por Maceió (53,2%), João Pessoa (51,4%) e Vitória (50,7%).
“É cada vez mais notória a importância da Lei Seca em inibir a população brasileira de se arriscar na mistura do álcool com o volante. Agora temos que continuar nessa batalha, principalmente entre os jovens de 25 a 34 anos, que apresentaram o maior índice da infração entre todas as faixas etárias pesquisadas”, declarou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, por meio da assessoria de imprensa.
De acordo com a pesquisa de 2015, 8,7% da população de 25 a 34 anos admitem beber e dirigir. O número é duas vezes maior do que o registrado na população de 18 a 24 anos e quatro vezes maior do indicado em homens e mulheres de 65 anos ou mais. Outro índice importante é o nível de escolaridade: a pesquisa detectou que, quanto maior o grau de instrução, maior é o número de pessoas que assumem o risco.
Os dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2015) que realizou mais de 54 mil entrevistas nas capitais dos 26 estados e no Distrito Federal. O levantamento é realizado anualmente, desde 2006, pelo Ministério da Saúde. Os dados são coletados e analisados por meio de uma parceria com o Núcleo de Pesquisa em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP).
Atualmente, o condutor que ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica e for submetido à fiscalização de trânsito está sujeito a multa no valor de R$ 1.915,40 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência, o valor da multa é dobrado.
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