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Cidades
Terça - 05 de Julho de 2016 às 14:06
Por: André Garcia Santana - Olhar Direto

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Com aumento de 15,8% entre 2012 e 2015, Cuiabá lidera o ranking do Ministério da Saúde de capitais brasileiras onde as pessoas admitem dirigir após o consumo de bebidas alcoólicas. Na contramão dos números registrados na cidade, o levantamento, divulgado no final de junho, aponta resultado positivo para a redução na quantidade de condutores que admitem a infração no restante do país, com média de 21,5%, no total. A conquista é atribuída ao endurecimento da Lei Seca, em 2012 e deve causar um maior enrijecimento na fiscalização da Polícia Civil na prevenção a este tipo de crime na capital mato-grossense.

A cidade, que também ocupa a terceira colocação entre as que a população mais abusa da combinação álcool e direção, com 11,7%, fica atrás apenas de Florianópolis (13%) e Palmas (11,9%). Na opinião do titular da Delegacia Especializada em Delitos de Trânsito (Deletran), Jeferson Dias, este quadro serve para confirmar a responsabilidade do motorista sob este crime, cometido, na maioria dos casos, conscientemente.

“Infelizmente os dados mostram a irresponsabilidade desses condutores, que, em 90% dos casos tem culpa exclusiva sob os acidentes, colocando a vida deles próprios e a de terceiros em risco. Como constatado pela pesquisa, é como confessar um crime. A pessoa sabe que é uma infração beber e dirigir faz e ainda assume. Isso evidencia que não é falta de trabalhos de conscientização ou fiscalização, que já existem. No entanto, por conta dessas pessoas, estas ações não tem caminhado para um combate efetivo dos acidentes de trânsito em Cuiabá.”

Ele afirma ainda que, diante da situação, a inteligência da polícia começará a agir pelos estabelecimentos da cidade para ajudar no combate a infração. “Assim que voltarmos da greve passaremos a trabalhar com policiais a paisana pelos bares, monitorando o comportamento dos freqüentadores, que, se forem flagrados bebendo e pegando o volante serão presos no ato. Já que a conscientização não é o suficiente, é preciso reforçar por outros meios a atuação do Estado.”

Entre as capitais brasileiras, quatro se destacaram com queda superior a 50% nos últimos três anos: Fortaleza (54,1%), Maceió (53,2%), João Pessoa (51,4%) e Vitória (50,7%). Apesar de estarem entre os índices mais altos, o contingente populacional que bebe e dirige vem caindo nos últimos três anos em Florianópolis (queda de 18,2%) e Palmas (redução de 19%). Na contramão, Recife (2,6%), Maceió (2,9%) e Vitória (3,2%) se destacaram com o menor percentual de entrevistados que declararam beber e dirigir.

Com relação ao gênero e idade dos entrevistados, foi constatado que homens (9,8%), continuam assumindo mais a infração do que as mulheres (1,8%). Ainda assim houve queda de 22,2%, entre 2012 e 2015, na população masculina. Em 2015 8,7% da população de 25 a 34 anos admitem beber e dirigir. O número é duas vezes maior do que o registrado na população de 18 a 24 anos e quatro vezes maior do indicado em homens e mulheres de 65 anos ou mais.

O nível de escolaridade também foi considerado: quanto maior o grau de instrução, maior é o número de pessoas que assumem o risco. “É cada vez mais notória a importância da Lei Seca em inibir a população os riscos da mistura do álcool com o volante. Temos que continuar nessa batalha, principalmente entre os jovens de 25 a 34 anos, que apresentaram o maior índice da infração entre todas as faixas etárias pesquisadas”, declarou o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Os dados são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2015) que realizou mais de 54 mil entrevistas nas capitais dos 26 estados e no Distrito Federal. O levantamento é realizado anualmente, desde 2006, pelo Ministério da Saúde. Os dados são coletados e analisados por meio de uma parceria com o Núcleo de Pesquisa em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP).

Road Safety

No ano passado o Brasil foi sede da 2ª Conferência Global de Alto Nível Sobre Segurança no trânsito. Na ocasião, os mais de 130 países presentes reafirmaram as metas de reduzir à metade, até 2020, o número de mortes e lesões causadas pelo trânsito em todo o mundo, e de aumentar de 15% para 50% o percentual de países com legislação abrangente sobre os cinco fatores-chaves de risco – não uso de cinto de segurança, de capacete e de dispositivos de proteção para crianças, mistura álcool/direção e excesso de velocidade.

O reforço dos países a estratégias de policiamento nas vias e medidas de fiscalização com foco na redução de acidentes também está entre as recomendações, assim como incentivar os Estados a introduzirem novas tecnologias de gestão do trânsito e de sistemas de transporte inteligente, para mitigar os riscos de lesões e mortes.

Na área da Saúde, o documento apontou a necessidade de fortalecer os cuidados pré-hospitalares, incluindo serviços de saúde de emergência e resposta imediata pós-acidente, diretrizes ambulatoriais e hospitalares para cuidado do trauma, além de serviços de reabilitação.

Lei Seca

Em 2016, a lei seca completa 8 anos de vigência. Além de mudar os hábitos dos brasileiros, a lei trouxe um maior rigor na punição e no bolso de quem a desobedece. Com o passar dos anos, a lei passou por mudanças e ficou mais severa com o objetivo de aumentar a conscientização de não se misturar a bebida com direção. Atualmente o condutor que ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica e for submetido à fiscalização de trânsito está sujeito a multa no valor de R$ 1.915,40 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência, o valor da multa é dobrado.

Acompanhando a implementação da lei, o Vigitel passou a estimar a frequência de indivíduos que referiram conduzir veículo motorizado após o consumo de bebida alcoólica, independentemente da quantidade de bebida consumida e da periodicidade dessa prática.

“Precisamos avançar no marco regulatório do álcool, da mesma forma que estamos fazendo em relação ao tabaco. É necessário proteger vidas”, destaca a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Fátima Marinho.





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